Bagageiro

terça-feira, 29 de janeiro de 2013




Um dos meus episódios favoritos de How I Met Your Mother é um em que o Ted fala sobre a bagagem pessoal que cada um carrega.
Acho que isso explica bem as diferenças entre um relacionamento adolescente e um relacionamento maduro. Não é que adolescentes se amem mais. Mas é muito mais fácil namorar/gostar quando se tem 15 anos do que quando se tem 25.

Considerando que a pessoa teve uma infância feliz e saudável, um pouco mais, um pouco menos – nos primeiros namoricos não há bagagem. É só você, o outro e os hormônios à flor da pele. Que bom seria poder viver sempre assim.
Acontece que em 10, 15 anos há um acúmulo de relacionamentos, de pessoas, situações, sentimentos, passado. Tudo isso pesa e pesa muito. Agora, entre você, o outro e os hormônios (nem tão atiçados) há também o trauma de uma traição no passado, uma ex namorada inconveniente, aquela música que um dos dois não pode ouvir porque era o tema de outro momento, o apelido que você não pode chamar porque lembra outra pessoa, as situações que precisa evitar pra não magoar ninguém, as fotos da formatura abraçada com outro e por aí vai. Isso sem contar a preocupação de tentar fazer diferente tudo o que deu errado antes e a grande mochila chamada “família”, que tem pra todos os gostos e loucuras.

Pode parecer bobeira vendo isoladamente, mas cada uma dessas pequenas coisas vai somando um peso enorme na bagagem pessoal. E aí fica cada vez mais difícil viver um relacionamento, de fato. Pois para isso é preciso compartilhar a bagagem e nem todo mundo está disposto a carregar esse peso.

Já tentou carregar uma mala e andar de mãos dadas com alguém ao mesmo tempo? É possível, mas uma hora cansa e você precisa soltar as mãos pra poder trocar de lado ou parar um pouco.
Cada um pode tentar carregar o seu passado de um lado, dar a mão pro outro e seguir, mas vai cansar. A melhor coisa a ser feita é cada um abrir a sua bagagem, deixar pra fora (esquecer) o que conseguir deixar, o que não faz diferença, e o que sobrar ambos colocam tudo numa mala só e carregam juntos.

O único jeito de viver um relacionamento feliz é saber aceitar o que o outro traz junto consigo. Com respeito. Isso não significa se anular pra aguentar o problema de outra pessoa. Significa apenas entender que tudo o que o outro já passou faz parte do que ele é e o preparou para estar onde está. E se ele está com você, aproveite isso.

As tias e seus votos de ano novo

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013



"Que em 2013 você arrume um broto bem bonito, viu?!"
São os votos de ano novo que recebi hoje.



Ai ai... As festas de fim de ano e a imensa alegria de ouvir repetidamente a velha pergunta "e cadê os namorados?". Sim, porque tia velha não se contenta em perguntar apenas, tem que perguntar no plural e pelo menos umas 3 vezes.
Regra geral: se meu namorado não está comigo é porque provavelmente eu não tenho um. Se por acaso eu tiver um namorado que não possa estar presente, em algum momento isso será levantado em algum dos assuntos dos tios, pais, avós, ou até mesmo eu posso comentar.

Mas tudo bem, faz parte do ritual. A pergunta dos namorados já faz parte da essência da tia velha, temos que aceitar. É tipo a piada do "pavê ou pacomê?". Se ninguém fala, não é natal.

O que me incomoda mesmo são os votos para o novo ano. Votos não de paz ou sucesso, mas para que se "encontre alguém".
Minha mãe até viu uma calcinha pra vender escrito "esse ano eu caso!".

Por favor, se for me desejar algo, me deseje sucesso, superação, crescimento, amadurecimento, felicidade, boas energias, que eu finalmente me forme... E acima de tudo me deseje PAZ. Mas não me deseje "alguém".
"Alguém" sempre vem. Todo ano eu conheço vários "moços bonitos". Mas nenhum deles adianta nada, significa nada, se eu não estiver bem comigo mesma.

Desculpe, eu não quero levantar nenhuma bandeira feminista. Mas quando a única coisa que a pessoa me deseja no ano novo é que eu "encontre alguém", levo isso como um insulto. É um insulto a tudo o que eu posso realizar por mim mesma. Por que eu necessariamente preciso de alguém?

De todos os "moços" que passaram pela minha vida, acho que muitos deles não estavam prontos pra mim. Mas eu com certeza também não estava pronta para alguns. E assim é a vida.

Eu só quero ter a certeza de que estou absolutamente bem comigo mesma antes de querer estar bem com outra pessoa. E que essa outra pessoa, quando chegar, também se sinta assim.

Então, em 2013 eu definitivamente não espero "encontrar alguém". Eu espero "me encontrar". E ir fundo em cada chance, cada possibilidade de crescimento que eu ver pela frente.
Estar em um relacionamento verdadeiro, ter alguém com quem se possa compartilhar a vida é um privilégio. E esse privilégio é uma consequência de boas escolhas que fazemos na vida. Não tem como ser a minha meta.
Não vai ser a minha meta. Então você também não precisa me desejar isso.