Um dos meus episódios favoritos de How I Met Your Mother é
um em que o Ted fala sobre a bagagem pessoal que cada um carrega.
Acho que isso explica bem as diferenças entre um
relacionamento adolescente e um relacionamento maduro. Não é que adolescentes
se amem mais. Mas é muito mais fácil namorar/gostar quando se tem 15 anos do
que quando se tem 25.
Considerando que a pessoa teve uma infância feliz e
saudável, um pouco mais, um pouco menos – nos primeiros namoricos não há bagagem.
É só você, o outro e os hormônios à flor da pele. Que bom seria poder viver
sempre assim.
Acontece que em 10, 15 anos há um acúmulo de
relacionamentos, de pessoas, situações, sentimentos, passado. Tudo isso pesa e
pesa muito. Agora, entre você, o outro e os hormônios (nem tão atiçados) há
também o trauma de uma traição no passado, uma ex namorada inconveniente,
aquela música que um dos dois não pode ouvir porque era o tema de outro
momento, o apelido que você não pode chamar porque lembra outra pessoa, as
situações que precisa evitar pra não magoar ninguém, as fotos da formatura
abraçada com outro e por aí vai. Isso sem contar a preocupação de tentar fazer
diferente tudo o que deu errado antes e a grande mochila chamada “família”, que
tem pra todos os gostos e loucuras.
Pode parecer bobeira vendo isoladamente, mas cada uma dessas
pequenas coisas vai somando um peso enorme na bagagem pessoal. E aí fica cada
vez mais difícil viver um relacionamento, de fato. Pois para isso é preciso
compartilhar a bagagem e nem todo mundo está disposto a carregar esse peso.
Já tentou carregar uma mala e andar de mãos dadas com alguém
ao mesmo tempo? É possível, mas uma hora cansa e você precisa soltar as mãos
pra poder trocar de lado ou parar um pouco.
Cada um pode tentar carregar o seu passado de um lado, dar a
mão pro outro e seguir, mas vai cansar. A melhor coisa a ser feita é cada um
abrir a sua bagagem, deixar pra fora (esquecer) o que conseguir deixar, o que não
faz diferença, e o que sobrar ambos colocam tudo numa mala só e carregam
juntos.
O único jeito de viver um relacionamento feliz é saber
aceitar o que o outro traz junto consigo. Com respeito. Isso não significa se
anular pra aguentar o problema de outra pessoa. Significa apenas entender que
tudo o que o outro já passou faz parte do que ele é e o preparou para estar
onde está. E se ele está com você, aproveite isso.